Subprefeitura pede remoção de centros de acolhida de população de rua no Belém após reunião com associação de moradores
O subprefeito da Mooca, Marcus Vinicius Valério, pediu à Prefeitura de São Paulo a remoção de centros de acolhida à população de rua no bairro do Belém, na Zona Leste, após uma reunião com a associação de moradores da região.
A reunião foi realizada no início deste ano. Nela, moradores reclamaram do aumento da população de rua na área e relacionaram esse crescimento diretamente à presença dos centros de acolhida. Entre os pedidos:
A redução do número de centros de acolhida no bairro, com o remanejamento para outras regiões;
O reforço das ações da secretaria nas unidades existentes;
A adoção de medidas para garantir que os acolhidos permaneçam dentro dos centros, evitando sua permanência em calçadas e vias públicas.
No ofício, o subprefeito argumenta ainda que os equipamentos geram “aglomerações de usuários nos arredores, que, impossibilitados de acesso imediato, permanecem nas calçadas e vias públicas, inclusive no período noturno, comprometendo de modo significativo a mobilidade urbana, a limpeza e a segurança do entorno”.
Ele sugere que os centros de acolhida sejam transferidos para “áreas mais adequadas, preferencialmente zonas não residenciais, com estrutura adequada para abrigar todos os usuários, de modo a eliminar a dispersão de acolhidos nas vias públicas”.
Trecho do documento.
Reprodução
O subprefeito pede diretamente as remoções do Centro de Acolhida São Leopoldo e do Núcleo de São Martinho de Lima. E também cita a Paróquia São Miguel Arcanjo e o Centro Comunitário Santa Dulce dos Pobres, vinculado à paróquia e gerenciado pelo padre Júlio Lancellotti, além de tendas de altas/baixas temperaturas da prefeitura.
As tendas são instaladas pela prefeitura para prestar apoio à população de rua em momentos de temperaturas extremas, como nesta semana, quando a previsão na capital deve chegar em chegar a7°C, segundo a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
“O Centro Comunitário Santa Dulce dos Pobres é da Arquidiocese de São Paulo, não tem convênio nenhum com a prefeitura e lá funcionam a biblioteca para a população em situação de rua, um centro de cinema e empregabilidade, além do café da manhã. O que está atrás disso é o mercado imobiliário, a gentrificação e a aporofobia [ódio aos pobres] dos moradores da região”, afirmou o padre Júlio.
Em resposta ao ofício, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social informou que há cerca de três anos vem buscando novos endereços adequados para a implantação dos serviços.
E que os próprios moradores do bairro contribuem com a estigmatização dos centros de acolhida já que afirmaram à subprefeitura que estão fazendo pressão para proprietários de imóveis não alugarem seus locais para a gestão municipal.
“Quando ficamos sabendo que algum proprietário está em vias de alugar o imóvel,… fazemos pressão para não alugar… porque não queremos mais centros de acolhidas na região”, informou a pasta no documento.
O g1 procurou a Prefeitura de São Paulo, a Subprefeitura da Mooca e os centros de acolhida São Leopoldo e Núcleo de São Martinho de Lima, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Fonte: G1